Mudei.

junho 21, 2009

Agora o blog é conjunto com o de uma amiga, aqui:
http://ondadepalavras.blogspot.com/

Link novo.

junho 13, 2009

Mudei - http://awordswave.blogspot.com/

Aos que não aprenderam a socorrer.

maio 31, 2009


     Ontem, sentada em um banco de ônibus, cometi um voyeurismo que me fez rir e repensar. Havia duas garotas à minha frente, uma delas mexia o braço em um único movimento, e entre cada movimento havia um espaço de tempo em que um comentário era repetido, trilhões de vezes, “Que fofa”. Então ouvi um som que após eu sair daquele ônibus eu tive certeza de que era um álbum de fotos se fechando. As duas começaram a conversar, diziam que não se lembravam da infância, dos primeiros dias de vida. Eu lembro, sabe, eu me lembro dos meus primeiros dias de vida. E desta forma eu luto quando me dizem que ressuscitar não existe.
     Eu lembro, lembro sim, pois meus primeiros dias de vida foram quando eu entrei em um tal lugar. Até lá eu estava mortinha, sem esperanças ou sentimentos. Não sabia nem o que era mundo, universo ou coração. E então comecei a viver, descobri simbolizações que soam como suprimento emocional. Conheci o amor fraternal, descobri o que eu era. Aprendi a ler, matando a curiosidade “O que são amigos?”. Vivi bem devagar, descobrindo pouco a pouco as coisas da terra. Mas sempre frágil como uma lasca de cristal.
     Foi assim até o dia em que eu morri, até o dia em que palavras soaram mais alto. Até o dia em que eu descobri que nem todo mundo era bom, que existia dor, que uma irmão, apesar de ser irmão, poderia bater em sua irmã e até nos próprios pais. Descobri que fogo não era único e propriedade de fogão, vi o que o vicio causava em alguém que você amava. E lá estava eu, morta. Sem esperanças, com medo, e desejando todos os dias que eu pudesse ter a chance de morrer em carne. Em alguns tempos, alguns poucos anos, eu voltei a viver. Descobri que após cada chuva há uma toalha, que após cada tombo há um remédio e que após cada sofrimento há um abraço.
     Conheci o amor mais forte, o amor que se preocupa e que percebe aquilo que você é. E percebi também aquilo que me tornei. Nasci morta, vivi, morri, revivi e de qualquer forma... Eu não sei para que estou aqui. Há coisas boas e maravilhosas neste mundo. Mas às vezes eu queria não saber ler, não saber escrever, queria voltar à época em que eu ainda estava morta. Porque as ações do ser humano me deprimem, os aspectos da sociedade me fazem fria. E o sol para mim é como um perigo. O mundo é o mesmo dês de que nasci, aquilo que faz a diferença, é que assim como eu outros nasceram mortos, viveram e morreram. Mas o reviver havia se escondido, não havia um ombro amigo e assim se cresce morto. Diante de sua alma ferida, se deseja um corpo mutilado.

Mesmo morta, eu vou viver.

maio 24, 2009

     Eu sonhei com você ontem. Sonhei que você caminhava até meus braços e que um sorriso se abria em teu rosto. Eu ouço a cidade me mandando esquecer, dizendo que estou me entregando a uma dor de promessas mal feitas. E só o que eu consigo fazer, é fechar os olhos para o mundo e permitir que minha cabeça sucumba ao chão, me tornando, assim, inferior. E quão inferior sou eu a esse sentimento inigualável. E quanto medo me predisponho a omitir.
     Sinto como se a força fosse acabar em um instante, mas as chances se tornam longas pela esperança cega do amor. E com as pontas mais afiadas busco algum pingo d’água que ainda me reste da fonte. E então as lágrimas me alimentam. Os espelhos caçoam daquilo que me tornei. Eu vejo apenas uma alma fraca, com um coração forte.

     Em alguns segundos sua estaca está em meu coração. Assim como o mundo, o melhor a fazer e deixar isso para trás. Seu tempo é pequeno, você não pode dar conta desse amor. Não quer me machucar. Mas há uma pequena coisa que nos afasta de um fim, ainda me resta água da fonte. E até que no topo da montanha pare de chover, eu vou sobreviver tentando imaginar aquele seu sorriso que eu sonhei, dançando em seu rosto todos os dias.
     Eu não quero um sacrifício, não quero que você perca tudo, só peço que esteja bem. Que esqueça do que se passa aqui, e ainda assim que soe falso ou que seja intensamente dolorido, que diga uma vez por ano que ainda me ama, e não há pressa. De cabeça baixa e olhos fechados, meus braços não vão se cansar. Assim espero, e espero você.

Os homens na lua e eu aqui.

maio 19, 2009

Quero fazer a tatuagem que lembre meu passado, que apague parte dele. Que me lembre dos conceitos, das frases feitas que tirei, a chama forte de uma tristeza que se tornou um fogo amor, meus segredos e meus dias subjetivos. "Torne-se mais amável", não vou esquecer. Amável, eu tentei, tentei e talvez tenha chegado perto. Mas não tão perto quanto almejei. Fazem cinco meses, para onde foi o nosso amor? Queria saber para onde te levaram, ajoelhar com força e pedir o seu olhar de volta. Jura que ainda me ama, que te afastaram de mim mas que você quer voltar. Toda a minha vida sofri para me criar, para me criar diferente, individual, pessoal. Mas de que vale a batalha se o premio é entregue ao perdedor? Quero comer das raízes, provar a terra de uma aventura. Tocar seus olhos com os meus e fazer o ar fica denso. Quero a intensidade da história, da luta pela minha essência, eu quero meu premio, eu quero você. Mas ainda me falta um dom, me diz como eu posso vencer. Minha força e ágil movimento, contratempo a contratempo, de nada servem nesse campo. Amor não é minha praia, longe da minha laia. Necessito um empurrão, beije meu rosto e um boa noite sussurre. Estou trêmula pelo novo universo, amor é um sujeito metido, arrogante, dramático, exagerado, egoísta, egocêntrico, insatisfeito e íntimo. Como por tão longe, consegue tocar meu coração? À segundos de distâncias o amor nem passa perto, à milhares de quilômetros me prensa contra o mundo. Homens abandonaram suas casas para pisar em uma rocha sem luz própria e eu não tão distante de ti, estou parada aqui. Cada minuto parece um ano luz. Pequena flor rosa, a grande rosa flor. Me dê seu beijo, te dou meu amor.

Autocrítica questionavel, delicadeza indesejada.

abril 14, 2009


     Passados os anos a simetria das coisas teve um sentido mais nítido para mim. É engraçado lembrar-me dos meus pais aconselhando, ou praticamente obrigando, à estudar dês da época dos trabalhinhos com ervilhas e feijões, lembrar do quando eu ficava intrigada em não poder ganhar a Barbie mais cara do papai Noel por não ter tido boas notas. Meus nervos dançavam e eu poderia encher uma piscina de lágrimas pelo simples fato de não poder sujar minhas pequenas e frágeis mãos na terra do parquinho e depois comer com as mesmas sem ter que andar os metros cansativos até o banheiro para limpá-las. Lembro-me bem de achar uma pura chateação minha mãe dizendo que escovar os dentes era necessário e que eu não deveria ser o reflexo dobrado das minhas coleguinhas de turma, contando-me que deve-se ter uma personalidade própria. “Mas que saco” — eu diria.
     Agora as coisas parecem ter um nível maior de importância, e uma forte onda de arrependimento me atinge, parece que a cada ano que passa eu levo uma pancada da água e caio de cara na areia. Mas tudo bem, tudo bem... Eu era nova, não sabia da vida, e na verdade, nem me questionava o que era viver. Coisa que hoje parece um fantasma que me assombra todas as noites antes de dormir. E então como uma rotina sagrada, levanto-me todas as manhãs na hora certinha, cronometrando os minutos para não me atrasar para as importantes aulas de química I, escovo os dentes e o cabelo sempre verificando se há alguma sujeirinha ou nó escondido por lá. Tento ao máximo pegar cada segundinho da aula dos professores, me enojo com bobagens que escapam das bocas de bons associados à hipocrisia e apesar dos apesares, tenho aos professores como os verdadeiros conselheiros.
     Me percebo como uma jovem idosa, incompreendida, crítica, mas por incrível que seja com o coração doado a tudo e todos. Rindo das mais baixas peculiaridades do dia a dia e levando frases inocentes a um mundo de duplos sentidos— como se o sexo estivesse no centro do universo. É engraçado até, contradigo meus próprios dizeres, quando digo não me importar com aquilo que dizem de mim... Eu me arrumo para quem? Me perfumo para quem? Me preocupo com o quê? E me tento por quê? Ah, eu sei lá, ninguém quer saber isso, porque me preocupar? Acho que, a auto-crítica faz parte de mim. E talvez seja uma das mais agradáveis características daminha personagem, e que linhas estranhas Deus tornou a escrever. Só sei que sou rei, rainha dos meus contos e fantasias de todo tipo. E quem dirás quem sou, se nem ao menos o mundo sabe bem o que se és. Tão importante, tão sem importância. O fato é, fato já é real então fato real é redundância, mas eu crio tantos fatos e tampouco são reais. Mas que erro extraordinário senti-me até mais viva. Ai, que incapacidade eu tenho em fazer a vida com nexo.

Magnífico fim, o fim do que nunca existiu.

março 17, 2009

     Seus dedos estavam lá, tocando tão suavemente as teclas brancas. O som que tocava meus ouvidos era suave e trazia lembranças e sentimentos. A menina tocava com calma, mas eu poderia jurar que ela sentia dor a cada som que brilhava à sua volta. Cada toque que me levava de volta ao passado fazia uma lágrima correr com pressa por seu rosto. Ela era tão jovem, tão bonita. A menina dos olhos castanhos mais expressivos que eu já havia visto. A dança dentro de sua mente me fazia querer afagar seus cabelos e deixar que chorasse pelo resto da noite. A lua iluminava seu rosto tão bem, e aquele vestido rosa claro acetinado. Tudo em uma pura composição, uma orquestra. O fogo das velas fazia as águas parecerem cristais, e pequenas pedrinhas escorregavam por seu rosto. Seu olhar estava estacionado em um pedaço branco e limpo da parede, apenas suas mãos se moviam. Seus cabelos faziam ondas suaves com a corrente fria que a fazia tremer. Mas era triste aquele olhar, um olhar perdido, um olhar confuso. Seus pés descalços tocavam o chão e como se o frio fosse a temperatura de seu corpo, lá eles se fundiam. Era como se ela não estivesse ali, como se uma bela menina houvesse morrido sentada lá. E havia realmente uma menina sem vida por ali, uma menina que procurava a esperança no silêncio da noite junto do barulho de sua composição. Seu dedo escorregou por uma das teclas, seus olhos haviam fechado, seu rosto tocava as teclas agudas do piano, as lagrimas escorriam ao chão. Mas a música ainda estava lá, tão clara e pura como se fosse apenas uma linda manhã. Uma linha aguda cortando a sala e alguns gemidos estremecidos abafados. E um dia me ousaram dizer que tudo aquilo que ela tinha era o bastante para viver.

http://www.youtube.com/watch?v=W-Q5t4Q26o0