Não há um motivo forte para se bastar nas letras de uma biografia quando se pode mergulhar em um ser humano, e no intimo do intimo, tocar no fundo de sua alma. Decifrar a verdade pessoal que ninguém desinteressado vê. Todo esse mistério precisa de um coração nos olhos, e não um par de mesmas coisas. Porque alguém mais de alma que de corpo, é alguém que desperta curiosidade, e se no limite da preguiça você viver, as dúvidas vão ir e vir, toda vez que nos meus olhos olhar e não tentar entender. Fale comigo, pesquise meu interno e dê seu veredicto. Mas não se baseie no papel. Como ser humano eu me transformo, e na ciência me crio. A própria mente do ser humano esconde segredos do seu dono, por simples e súbita proteção. Então não se engane por seu próprio julgo, há sempre algo novo para complicar.
Não se apegue à idéia do louco, ou de segundas impressões. Prato limpo que não é novo, já foi sujo e limpo. Os erros serão comuns e quase uma rotina quando o assunto é quem sou. É realmente grosseira essa minha personalidade. A todo tempo a minha linha de repressão se move, e a cada minuto mais elástica fica. Então minhas veias dão nó, que nem eu nem ninguém consegue tirar. O meu próprio corpo tem sonhos em regurgitar minha alma, sonhos, não pesadelos. Tanta complicação, é tão mais simples ser uma em milhas de pessoas, ser comum e tão facilmente tragável. E eu sou, basta não me conhecer. E quando digo intragável, não se lê desagradável. Lê-se desconhecido, e do desconhecido devemos ou conhecer ou dispensar. Ao final dos tempos, se nem eu mesma consigo ler a bula do meu próprio remédio, quem dirá um ser humano comum, o ser humano social.
Incógnitas em um manual de instrução.
fevereiro 06, 2009
Postado por Tamyris Kortschinski. às 14:24 0 comentários
fevereiro 01, 2009
Mais um dia cansativo em sua dura, porém harmoniosa, vida. Ao entrar em casa observava ao redor para ter certeza de que nada estava fora do lugar, e que tudo fora bem organizado em sua ocupação de limpeza do dia anterior. Sentou-se a beira do sofá, com postura robusta e dedos delicados tateando a madeira rústica de sua mesa de centro. Olhava discretamente para a porta, como se qualquer movimento lá feito fosse, por automático, iniciar uma longa e frenética hora de contestação. E como um ratinho temeroso por trás de um escudo, pegou uma almofada e a apalpou em seu colo, prestando atenção a todos os barulhos que pudessem vir de fora da casa. Aos poucos foi relaxando, tirou os sapatos pontudos de couro, que tinham um salto elegante e frágil. Apoiou os cotovelos em seus joelhos trêmulos, e, ainda sentada no sofá, enroscou os dedos em seu cabelo loiro cacheado. Mordia os lábios tremendo o queixo, acariciava o relógio com os olhos e eriçava os pelos a cada som de passos leves que ouvia. Voltou para sua postura concentrada e robusta no sofá, observou a maçaneta rodar, e no movimento leve da porta se abrir e da jovem morena, que aparentava alguns 24 anos de vida, com um vestido vermelho um tanto vulgar e suas botas de camurça cor de menta velha, entrar na casa, Levantou-se do sofá, franziu o cenho e desatou a chorar. Por repulsa a jovem morena jogou a bolsa cozinha à dentro e abraçou sua menina loira, afagando seus cabelos e beijando sua testa em movimentos leves.
Ao Fábio: Eu não estou achando o "minha cartas aos meus pais", mas deve estar no meu email, se eu encontrar posto aqui amanhã.
Postado por Tamyris Kortschinski. às 06:19 0 comentários