Mais um dia cansativo em sua dura, porém harmoniosa, vida. Ao entrar em casa observava ao redor para ter certeza de que nada estava fora do lugar, e que tudo fora bem organizado em sua ocupação de limpeza do dia anterior. Sentou-se a beira do sofá, com postura robusta e dedos delicados tateando a madeira rústica de sua mesa de centro. Olhava discretamente para a porta, como se qualquer movimento lá feito fosse, por automático, iniciar uma longa e frenética hora de contestação. E como um ratinho temeroso por trás de um escudo, pegou uma almofada e a apalpou em seu colo, prestando atenção a todos os barulhos que pudessem vir de fora da casa. Aos poucos foi relaxando, tirou os sapatos pontudos de couro, que tinham um salto elegante e frágil. Apoiou os cotovelos em seus joelhos trêmulos, e, ainda sentada no sofá, enroscou os dedos em seu cabelo loiro cacheado. Mordia os lábios tremendo o queixo, acariciava o relógio com os olhos e eriçava os pelos a cada som de passos leves que ouvia. Voltou para sua postura concentrada e robusta no sofá, observou a maçaneta rodar, e no movimento leve da porta se abrir e da jovem morena, que aparentava alguns 24 anos de vida, com um vestido vermelho um tanto vulgar e suas botas de camurça cor de menta velha, entrar na casa, Levantou-se do sofá, franziu o cenho e desatou a chorar. Por repulsa a jovem morena jogou a bolsa cozinha à dentro e abraçou sua menina loira, afagando seus cabelos e beijando sua testa em movimentos leves.
Ao Fábio: Eu não estou achando o "minha cartas aos meus pais", mas deve estar no meu email, se eu encontrar posto aqui amanhã.
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