O canto maldito de uma alma inconsolável

março 06, 2009

     O sal dança pelo meu rosto em um canto de agonia. Como espermatozóides a procura de um óvulo, guiados por um liquido que não os deixa morrer. Sal amargo, que dói tanto quanto uma lâmina que fina como um papel destrói células do maior órgão humano, esse tecido tenebroso que existe para cumprir um objetivo, capa de proteção. E proteção só se for da ciência, porque males passam por aqui como água por tecido. O choro queimando cada um de meus nervos, e os pés se esticando e contraindo, esticando e contraído. E por êxtase de horror minhas mãos sobem a cabeça à procura de proteção. Aquela proteção que antes de uma nova fase da vida, fase conturbada, era conduzida por mãos sofridas, nossos velhos pais. De que adiantou cuidar tanto de mim se ao final de tudo a única coisa que vale mesmo a pena é ter me mostrado que ainda existe algo bom. E se esse algo com existe, minha vida subjetiva indica que todos os dias são vazios e com risadas que duram poucos minutos, mas desaparecem sempre que estou com ninguém. E com que ser humano irei sonhar? Mais um de meus criativos personagens literários, ou até mesmo vidas distantes. E tudo se depara em uma besta ocupação sexual. Reprodução, reprodução. "Mais uma vida nessa oca vida minha, que vida essa será?" Só sei que poucos passos dou, com largas marcas de um passado. Adoraria empurrões, andar para frente e não para o lado. Porque se tem algo que não consigo, é o amor da total alucinação. E toda essa minha droga gira em volta da procura, da paixão que nunca senti, mas que me causa inveja quando reparada nos outros. Oh, por favor, me deixe cega, surda e muda, te garanto que assim é muito mais fácil encontrar alguém para esse meu coração, que cuidadoso o torno fiel a quem um dia poderei amar, mas de tão infiel à mim, o único sentimento que chega perto do amor me leva À momentos completamente banhados ao voyeurismo. E todo meu sadismo se acaba em uma taça de vinho e em um intelectual orgasmo orgulhoso.

0 comentários: