Ultimamente tenho me sentido um tanto sozinha, mesmo quando estou com a família, amigos ou pessoas vagantes pela rua em seu ritmo de cidade grande. As coisas estão estranhas e nada parece se encaixar, eu me sinto distante e meus amigos concordam. Foi como dar um sumiço, enfiar a cara em livros sobre AIDS e contos fantasiosos, escrever alguns textos macabros e sem sentido, alguns vazios, exatamente como me sinto no momento. Meus pensamentos andam dispersos e ás vezes seguem um caminho de intensidade e calor, algo que não deveria passar pela cabeça de uma garota de família, que freqüenta a igreja e é boa aluna. Eu não me importo de não curtir a vida do jeito das outras pessoas, mas faz algum tempo que eu não apenas me sinto só, mas não sinto nada. Ando pela casa, ouço sons, leio, canto e rio, mas me sinto longe, avoada, fora do ritmo da sociedade. Se eu morresse agora, não faria diferença, não faria diferença para mim. Tampouco viva em carne e osso aqui estou, morta e vaga internamente me sinto. E por ultimas viagens, descobri ter os mesmos sentimentos, mesmo pensamentos e mesma conduta que um escritor soropositivo, que chama sua doença, ou melhor, sua síndrome HIV de “meu caro H”. Enfim, sós. Tudo o que eu desejei há alguns longos e agitados meses atrás. Tudo o que eu tenho agora, agradeço em bom tamanho, mas não faz diferença, viver, sobreviver, morrer, anteceder ou proceder. É tudo frágil e largo, tudo monótono e adorável. E só o que me basta e uma boa noite de sono, mesmo com a insônia dos meus devaneios, duráveis três horas sonhando com os olhos abertos, dormir é a melhor parte de existir. Fechar os olhos, não ver, ouvir ou sentir. Sumir do mundo, nem felicidade nem tristeza. É só uma crise de existência.
Minha crise existencialista
janeiro 29, 2009
Postado por Tamyris Kortschinski. às 08:04
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