Mudei.

junho 21, 2009

Agora o blog é conjunto com o de uma amiga, aqui:
http://ondadepalavras.blogspot.com/

Link novo.

junho 13, 2009

Mudei - http://awordswave.blogspot.com/

Aos que não aprenderam a socorrer.

maio 31, 2009


     Ontem, sentada em um banco de ônibus, cometi um voyeurismo que me fez rir e repensar. Havia duas garotas à minha frente, uma delas mexia o braço em um único movimento, e entre cada movimento havia um espaço de tempo em que um comentário era repetido, trilhões de vezes, “Que fofa”. Então ouvi um som que após eu sair daquele ônibus eu tive certeza de que era um álbum de fotos se fechando. As duas começaram a conversar, diziam que não se lembravam da infância, dos primeiros dias de vida. Eu lembro, sabe, eu me lembro dos meus primeiros dias de vida. E desta forma eu luto quando me dizem que ressuscitar não existe.
     Eu lembro, lembro sim, pois meus primeiros dias de vida foram quando eu entrei em um tal lugar. Até lá eu estava mortinha, sem esperanças ou sentimentos. Não sabia nem o que era mundo, universo ou coração. E então comecei a viver, descobri simbolizações que soam como suprimento emocional. Conheci o amor fraternal, descobri o que eu era. Aprendi a ler, matando a curiosidade “O que são amigos?”. Vivi bem devagar, descobrindo pouco a pouco as coisas da terra. Mas sempre frágil como uma lasca de cristal.
     Foi assim até o dia em que eu morri, até o dia em que palavras soaram mais alto. Até o dia em que eu descobri que nem todo mundo era bom, que existia dor, que uma irmão, apesar de ser irmão, poderia bater em sua irmã e até nos próprios pais. Descobri que fogo não era único e propriedade de fogão, vi o que o vicio causava em alguém que você amava. E lá estava eu, morta. Sem esperanças, com medo, e desejando todos os dias que eu pudesse ter a chance de morrer em carne. Em alguns tempos, alguns poucos anos, eu voltei a viver. Descobri que após cada chuva há uma toalha, que após cada tombo há um remédio e que após cada sofrimento há um abraço.
     Conheci o amor mais forte, o amor que se preocupa e que percebe aquilo que você é. E percebi também aquilo que me tornei. Nasci morta, vivi, morri, revivi e de qualquer forma... Eu não sei para que estou aqui. Há coisas boas e maravilhosas neste mundo. Mas às vezes eu queria não saber ler, não saber escrever, queria voltar à época em que eu ainda estava morta. Porque as ações do ser humano me deprimem, os aspectos da sociedade me fazem fria. E o sol para mim é como um perigo. O mundo é o mesmo dês de que nasci, aquilo que faz a diferença, é que assim como eu outros nasceram mortos, viveram e morreram. Mas o reviver havia se escondido, não havia um ombro amigo e assim se cresce morto. Diante de sua alma ferida, se deseja um corpo mutilado.

Mesmo morta, eu vou viver.

maio 24, 2009

     Eu sonhei com você ontem. Sonhei que você caminhava até meus braços e que um sorriso se abria em teu rosto. Eu ouço a cidade me mandando esquecer, dizendo que estou me entregando a uma dor de promessas mal feitas. E só o que eu consigo fazer, é fechar os olhos para o mundo e permitir que minha cabeça sucumba ao chão, me tornando, assim, inferior. E quão inferior sou eu a esse sentimento inigualável. E quanto medo me predisponho a omitir.
     Sinto como se a força fosse acabar em um instante, mas as chances se tornam longas pela esperança cega do amor. E com as pontas mais afiadas busco algum pingo d’água que ainda me reste da fonte. E então as lágrimas me alimentam. Os espelhos caçoam daquilo que me tornei. Eu vejo apenas uma alma fraca, com um coração forte.

     Em alguns segundos sua estaca está em meu coração. Assim como o mundo, o melhor a fazer e deixar isso para trás. Seu tempo é pequeno, você não pode dar conta desse amor. Não quer me machucar. Mas há uma pequena coisa que nos afasta de um fim, ainda me resta água da fonte. E até que no topo da montanha pare de chover, eu vou sobreviver tentando imaginar aquele seu sorriso que eu sonhei, dançando em seu rosto todos os dias.
     Eu não quero um sacrifício, não quero que você perca tudo, só peço que esteja bem. Que esqueça do que se passa aqui, e ainda assim que soe falso ou que seja intensamente dolorido, que diga uma vez por ano que ainda me ama, e não há pressa. De cabeça baixa e olhos fechados, meus braços não vão se cansar. Assim espero, e espero você.

Os homens na lua e eu aqui.

maio 19, 2009

Quero fazer a tatuagem que lembre meu passado, que apague parte dele. Que me lembre dos conceitos, das frases feitas que tirei, a chama forte de uma tristeza que se tornou um fogo amor, meus segredos e meus dias subjetivos. "Torne-se mais amável", não vou esquecer. Amável, eu tentei, tentei e talvez tenha chegado perto. Mas não tão perto quanto almejei. Fazem cinco meses, para onde foi o nosso amor? Queria saber para onde te levaram, ajoelhar com força e pedir o seu olhar de volta. Jura que ainda me ama, que te afastaram de mim mas que você quer voltar. Toda a minha vida sofri para me criar, para me criar diferente, individual, pessoal. Mas de que vale a batalha se o premio é entregue ao perdedor? Quero comer das raízes, provar a terra de uma aventura. Tocar seus olhos com os meus e fazer o ar fica denso. Quero a intensidade da história, da luta pela minha essência, eu quero meu premio, eu quero você. Mas ainda me falta um dom, me diz como eu posso vencer. Minha força e ágil movimento, contratempo a contratempo, de nada servem nesse campo. Amor não é minha praia, longe da minha laia. Necessito um empurrão, beije meu rosto e um boa noite sussurre. Estou trêmula pelo novo universo, amor é um sujeito metido, arrogante, dramático, exagerado, egoísta, egocêntrico, insatisfeito e íntimo. Como por tão longe, consegue tocar meu coração? À segundos de distâncias o amor nem passa perto, à milhares de quilômetros me prensa contra o mundo. Homens abandonaram suas casas para pisar em uma rocha sem luz própria e eu não tão distante de ti, estou parada aqui. Cada minuto parece um ano luz. Pequena flor rosa, a grande rosa flor. Me dê seu beijo, te dou meu amor.

Autocrítica questionavel, delicadeza indesejada.

abril 14, 2009


     Passados os anos a simetria das coisas teve um sentido mais nítido para mim. É engraçado lembrar-me dos meus pais aconselhando, ou praticamente obrigando, à estudar dês da época dos trabalhinhos com ervilhas e feijões, lembrar do quando eu ficava intrigada em não poder ganhar a Barbie mais cara do papai Noel por não ter tido boas notas. Meus nervos dançavam e eu poderia encher uma piscina de lágrimas pelo simples fato de não poder sujar minhas pequenas e frágeis mãos na terra do parquinho e depois comer com as mesmas sem ter que andar os metros cansativos até o banheiro para limpá-las. Lembro-me bem de achar uma pura chateação minha mãe dizendo que escovar os dentes era necessário e que eu não deveria ser o reflexo dobrado das minhas coleguinhas de turma, contando-me que deve-se ter uma personalidade própria. “Mas que saco” — eu diria.
     Agora as coisas parecem ter um nível maior de importância, e uma forte onda de arrependimento me atinge, parece que a cada ano que passa eu levo uma pancada da água e caio de cara na areia. Mas tudo bem, tudo bem... Eu era nova, não sabia da vida, e na verdade, nem me questionava o que era viver. Coisa que hoje parece um fantasma que me assombra todas as noites antes de dormir. E então como uma rotina sagrada, levanto-me todas as manhãs na hora certinha, cronometrando os minutos para não me atrasar para as importantes aulas de química I, escovo os dentes e o cabelo sempre verificando se há alguma sujeirinha ou nó escondido por lá. Tento ao máximo pegar cada segundinho da aula dos professores, me enojo com bobagens que escapam das bocas de bons associados à hipocrisia e apesar dos apesares, tenho aos professores como os verdadeiros conselheiros.
     Me percebo como uma jovem idosa, incompreendida, crítica, mas por incrível que seja com o coração doado a tudo e todos. Rindo das mais baixas peculiaridades do dia a dia e levando frases inocentes a um mundo de duplos sentidos— como se o sexo estivesse no centro do universo. É engraçado até, contradigo meus próprios dizeres, quando digo não me importar com aquilo que dizem de mim... Eu me arrumo para quem? Me perfumo para quem? Me preocupo com o quê? E me tento por quê? Ah, eu sei lá, ninguém quer saber isso, porque me preocupar? Acho que, a auto-crítica faz parte de mim. E talvez seja uma das mais agradáveis características daminha personagem, e que linhas estranhas Deus tornou a escrever. Só sei que sou rei, rainha dos meus contos e fantasias de todo tipo. E quem dirás quem sou, se nem ao menos o mundo sabe bem o que se és. Tão importante, tão sem importância. O fato é, fato já é real então fato real é redundância, mas eu crio tantos fatos e tampouco são reais. Mas que erro extraordinário senti-me até mais viva. Ai, que incapacidade eu tenho em fazer a vida com nexo.

Magnífico fim, o fim do que nunca existiu.

março 17, 2009

     Seus dedos estavam lá, tocando tão suavemente as teclas brancas. O som que tocava meus ouvidos era suave e trazia lembranças e sentimentos. A menina tocava com calma, mas eu poderia jurar que ela sentia dor a cada som que brilhava à sua volta. Cada toque que me levava de volta ao passado fazia uma lágrima correr com pressa por seu rosto. Ela era tão jovem, tão bonita. A menina dos olhos castanhos mais expressivos que eu já havia visto. A dança dentro de sua mente me fazia querer afagar seus cabelos e deixar que chorasse pelo resto da noite. A lua iluminava seu rosto tão bem, e aquele vestido rosa claro acetinado. Tudo em uma pura composição, uma orquestra. O fogo das velas fazia as águas parecerem cristais, e pequenas pedrinhas escorregavam por seu rosto. Seu olhar estava estacionado em um pedaço branco e limpo da parede, apenas suas mãos se moviam. Seus cabelos faziam ondas suaves com a corrente fria que a fazia tremer. Mas era triste aquele olhar, um olhar perdido, um olhar confuso. Seus pés descalços tocavam o chão e como se o frio fosse a temperatura de seu corpo, lá eles se fundiam. Era como se ela não estivesse ali, como se uma bela menina houvesse morrido sentada lá. E havia realmente uma menina sem vida por ali, uma menina que procurava a esperança no silêncio da noite junto do barulho de sua composição. Seu dedo escorregou por uma das teclas, seus olhos haviam fechado, seu rosto tocava as teclas agudas do piano, as lagrimas escorriam ao chão. Mas a música ainda estava lá, tão clara e pura como se fosse apenas uma linda manhã. Uma linha aguda cortando a sala e alguns gemidos estremecidos abafados. E um dia me ousaram dizer que tudo aquilo que ela tinha era o bastante para viver.

http://www.youtube.com/watch?v=W-Q5t4Q26o0

Vulneravel Criança.

     Eu sempre me fiz de forte, sempre demonstrei ser alguém diferente. Mas hoje é tarde demais para insistir na mesma mentira, dizer que ninguém nunca me fez chorar por amor, mentir sobre aquilo que vive dentro de mim, uma coisa que ainda não acabou, aquilo que todo mundo sente, mas que para mim parece tão complexo e tão novo. Eu queria poder tocar ao menos uma vez as mãos daquele que faz meu coração bater tão forte, mas são quilômetros que me separam da realidade que eu queria tocar.

     A todo lugar que eu vou, eu sempre me lembro de uma partícula do menino que tocou meu coração, o único que mudou alguma coisa dentro de mim. E estou sempre sonhando acordada com o menino da minha imaginação. Aquele que existe e que eu criei. E não há duvidas, sempre que estou fora de mim, minha cabeça vaga intensamente nos sentimentos que foram criados em mim. Eu não tenho prazer em viver quando não posso ao menos trocar uma misera palavra com ele, é algo tão forte, tão incomum. E podem me dizer que todos dizem que nunca sentirão algo como o que sentiram por aquele alguém, mas eu digo isso com toda a força.

     Eu nunca me senti tão vulnerável à vida, nunca fui tão frágil com um assunto, nunca senti tanta falta, e não foi uma misera besteira de amor que me disse que mudou algo, não foi uma música ou uma frase. Foi o conhecimento que tive daquele bem, foi um conjunto de uma personalidade. De uma brincadeira nasceu uma verdade que me dói. Um menino que vive lá fora, que está feliz com a sua vida (eu espero), eu estou perto de sangrar e ninguém consegue entender. Vão todos me julgar, por algo que parecem não conhecer. Me assistirão cair devagar e só irão nomear, nada mais, nada mais.

     Só uma pequena mudança e tudo estaria como deveria ser, não seria perfeito, seria como deveria ser. E talvez seja como deva ser, eu aqui e ele lá. Longe demais para um toque se contrapondo, longe demais para que eu pudesse me entregar, longe demais, longe demais. E nem sei se isso vai mudar. Eu vou prosseguir caminhando com a minha fantasia cobrindo a verdade, a verdade que me envergonha, tão fraca por alguém.


“É como se todas as coisas à minha volta brincassem com o que dói em mim, como se já não bastasse a dor da história, o mundo joga com o que eu ainda consigo fazer.”

O canto maldito de uma alma inconsolável

março 06, 2009

     O sal dança pelo meu rosto em um canto de agonia. Como espermatozóides a procura de um óvulo, guiados por um liquido que não os deixa morrer. Sal amargo, que dói tanto quanto uma lâmina que fina como um papel destrói células do maior órgão humano, esse tecido tenebroso que existe para cumprir um objetivo, capa de proteção. E proteção só se for da ciência, porque males passam por aqui como água por tecido. O choro queimando cada um de meus nervos, e os pés se esticando e contraindo, esticando e contraído. E por êxtase de horror minhas mãos sobem a cabeça à procura de proteção. Aquela proteção que antes de uma nova fase da vida, fase conturbada, era conduzida por mãos sofridas, nossos velhos pais. De que adiantou cuidar tanto de mim se ao final de tudo a única coisa que vale mesmo a pena é ter me mostrado que ainda existe algo bom. E se esse algo com existe, minha vida subjetiva indica que todos os dias são vazios e com risadas que duram poucos minutos, mas desaparecem sempre que estou com ninguém. E com que ser humano irei sonhar? Mais um de meus criativos personagens literários, ou até mesmo vidas distantes. E tudo se depara em uma besta ocupação sexual. Reprodução, reprodução. "Mais uma vida nessa oca vida minha, que vida essa será?" Só sei que poucos passos dou, com largas marcas de um passado. Adoraria empurrões, andar para frente e não para o lado. Porque se tem algo que não consigo, é o amor da total alucinação. E toda essa minha droga gira em volta da procura, da paixão que nunca senti, mas que me causa inveja quando reparada nos outros. Oh, por favor, me deixe cega, surda e muda, te garanto que assim é muito mais fácil encontrar alguém para esse meu coração, que cuidadoso o torno fiel a quem um dia poderei amar, mas de tão infiel à mim, o único sentimento que chega perto do amor me leva À momentos completamente banhados ao voyeurismo. E todo meu sadismo se acaba em uma taça de vinho e em um intelectual orgasmo orgulhoso.

Incógnitas em um manual de instrução.

fevereiro 06, 2009

     Não há um motivo forte para se bastar nas letras de uma biografia quando se pode mergulhar em um ser humano, e no intimo do intimo, tocar no fundo de sua alma. Decifrar a verdade pessoal que ninguém desinteressado vê. Todo esse mistério precisa de um coração nos olhos, e não um par de mesmas coisas. Porque alguém mais de alma que de corpo, é alguém que desperta curiosidade, e se no limite da preguiça você viver, as dúvidas vão ir e vir, toda vez que nos meus olhos olhar e não tentar entender. Fale comigo, pesquise meu interno e dê seu veredicto. Mas não se baseie no papel. Como ser humano eu me transformo, e na ciência me crio. A própria mente do ser humano esconde segredos do seu dono, por simples e súbita proteção. Então não se engane por seu próprio julgo, há sempre algo novo para complicar.
     Não se apegue à idéia do louco, ou de segundas impressões. Prato limpo que não é novo, já foi sujo e limpo. Os erros serão comuns e quase uma rotina quando o assunto é quem sou. É realmente grosseira essa minha personalidade. A todo tempo a minha linha de repressão se move, e a cada minuto mais elástica fica. Então minhas veias dão nó, que nem eu nem ninguém consegue tirar. O meu próprio corpo tem sonhos em regurgitar minha alma, sonhos, não pesadelos. Tanta complicação, é tão mais simples ser uma em milhas de pessoas, ser comum e tão facilmente tragável. E eu sou, basta não me conhecer. E quando digo intragável, não se lê desagradável. Lê-se desconhecido, e do desconhecido devemos ou conhecer ou dispensar. Ao final dos tempos, se nem eu mesma consigo ler a bula do meu próprio remédio, quem dirá um ser humano comum, o ser humano social.

fevereiro 01, 2009

     Mais um dia cansativo em sua dura, porém harmoniosa, vida. Ao entrar em casa observava ao redor para ter certeza de que nada estava fora do lugar, e que tudo fora bem organizado em sua ocupação de limpeza do dia anterior. Sentou-se a beira do sofá, com postura robusta e dedos delicados tateando a madeira rústica de sua mesa de centro. Olhava discretamente para a porta, como se qualquer movimento lá feito fosse, por automático, iniciar uma longa e frenética hora de contestação. E como um ratinho temeroso por trás de um escudo, pegou uma almofada e a apalpou em seu colo, prestando atenção a todos os barulhos que pudessem vir de fora da casa. Aos poucos foi relaxando, tirou os sapatos pontudos de couro, que tinham um salto elegante e frágil. Apoiou os cotovelos em seus joelhos trêmulos, e, ainda sentada no sofá, enroscou os dedos em seu cabelo loiro cacheado. Mordia os lábios tremendo o queixo, acariciava o relógio com os olhos e eriçava os pelos a cada som de passos leves que ouvia. Voltou para sua postura concentrada e robusta no sofá, observou a maçaneta rodar, e no movimento leve da porta se abrir e da jovem morena, que aparentava alguns 24 anos de vida, com um vestido vermelho um tanto vulgar e suas botas de camurça cor de menta velha, entrar na casa, Levantou-se do sofá, franziu o cenho e desatou a chorar. Por repulsa a jovem morena jogou a bolsa cozinha à dentro e abraçou sua menina loira, afagando seus cabelos e beijando sua testa em movimentos leves.

— O que foi amor? O que foi?

— Acabou, acabou tudo! Acabou tudo Micha, — chorava desesperadamente.

— O que acabou Elena, o que acabou loira? — segurou o rosto da jovem loira entre as mãos, invadindo seus olhos com um olhar confuso. Elena beijou seus lábios de leve, confundindo ainda mais os pensamentos de Micha, se afastou e chorou com mais força.

— Eu odeio não cumprir promessas Micha, acabou, eu não te amo mais. — A morena afastou-se de Elena, com um olhar de acusa e o cenho cerrado. Fechou os olhos com força puxando seus cabelos para traz e respirando fundo, sentiu o cheiro de pinho doce da casa. E ao abrir os olhos, Elena carregava uma mala de couro, velha e gasta. Elena Sorriu, ainda chorando, com uma tese de desprezo vindo de Micha. Saiu pela porta, e sem nenhum som mais, foi mundo afora, descobrir as promessas humanas que o coração se tenta a quebrar. Micha adoeceu mentalmente em sua sala delicada, com a pequena lembrança de cachos louros e macios, deixando um toque leve em suas mãos.

Ao Fábio: Eu não estou achando o "minha cartas aos meus pais", mas deve estar no meu email, se eu encontrar posto aqui amanhã.

janeiro 29, 2009

Sabe de uma coisa? Eu cansei disso, estou cansada de viver, ou melhor de tentar viver. Eu estou aqui, em carne e osso mas o meu interno já está dissipado, se decompondo. E eu cansei de tentar, de errar de tentar de novo. De ver a hipocrisia passando aos meus olhos, dessa merda de ano novo, vida nova. Nem 10 anos foram o bastante para essa droga evoluir, porque continuar? Eu cansei, nem dez, nem quinze nem vinte. Nunca vai mudar, até que els se toquem, nada vai mudar. Porque eu não vivo mais, eu sou uma marionete, um componente em meio a outros componentes e trilhões de virgulas no campo de felicidade deles. E eu cansei de fazer continuar, cansei de ser um ícone e cansei de contribuir. Dane-se tudo e esse mundo idiota em que vivo, se o Diabo estiver atento, me leva para longe daqui. Ou melhor, me deixa nessa merda que é um próprio e literal inferno particular. Isso é revolta, crise adolescente. Podem dizer o que quiserem, não ligo, não dou a mínima. Eu sou um horror, uma cretina. Aos meus pais, à vocês e aos meus amigos. Agora chega, porque você não param de tentar e me matam de uma vez? Eu nunca cometi um erro nessa merda, nunca cometi esses erros dos jovens normais, sempre fui boa aluna, boa filha, boa estudante. Mesmo sendo privada da MINHA felicidade eu continuei, mas quer saber? Continuar? Está uma merda do jeito que está, melhorar é simplesmente, piorar.

Estou de cabeça quente

O sangue escorria pelo seu braço e seu rosto estava impregnado de variações de odores. Dês de um perfume italiano até o cheiro de sexo velho, estupro. Seu coração batia devagar e fraco, o sangue bombeava queimando, as artérias se dissolviam em cortes profundos. O chão era lavado pela morte, pela dor e pelas lágrimas. Os sons ecoavam metais e o mais profundo sacrifício humano. A morte por alguém, o dar pelo outro. Essa vida, nossa história. Tudo acabando aos poucos, o coração vacilando a mente oscilando. Nada nunca foi como parecia, sorrisos desgastantes, as músicas. Pálpebras se abrindo e fechando, o sentimento vulnerável, os nervos com eletricidade exagerada.
— Não fique olhando, não tente me salvar. Me mate, por favor.

Minha crise existencialista

    Ultimamente tenho me sentido um tanto sozinha, mesmo quando estou com a família, amigos ou pessoas vagantes pela rua em seu ritmo de cidade grande. As coisas estão estranhas e nada parece se encaixar, eu me sinto distante e meus amigos concordam. Foi como dar um sumiço, enfiar a cara em livros sobre AIDS e contos fantasiosos, escrever alguns textos macabros e sem sentido, alguns vazios, exatamente como me sinto no momento. Meus pensamentos andam dispersos e ás vezes seguem um caminho de intensidade e calor, algo que não deveria passar pela cabeça de uma garota de família, que freqüenta a igreja e é boa aluna. Eu não me importo de não curtir a vida do jeito das outras pessoas, mas faz algum tempo que eu não apenas me sinto só, mas não sinto nada. Ando pela casa, ouço sons, leio, canto e rio, mas me sinto longe, avoada, fora do ritmo da sociedade. Se eu morresse agora, não faria diferença, não faria diferença para mim. Tampouco viva em carne e osso aqui estou, morta e vaga internamente me sinto. E por ultimas viagens, descobri ter os mesmos sentimentos, mesmo pensamentos e mesma conduta que um escritor soropositivo, que chama sua doença, ou melhor, sua síndrome HIV de “meu caro H”. Enfim, sós. Tudo o que eu desejei há alguns longos e agitados meses atrás. Tudo o que eu tenho agora, agradeço em bom tamanho, mas não faz diferença, viver, sobreviver, morrer, anteceder ou proceder. É tudo frágil e largo, tudo monótono e adorável. E só o que me basta e uma boa noite de sono, mesmo com a insônia dos meus devaneios, duráveis três horas sonhando com os olhos abertos, dormir é a melhor parte de existir. Fechar os olhos, não ver, ouvir ou sentir. Sumir do mundo, nem felicidade nem tristeza. É só uma crise de existência.

O essencial.

janeiro 27, 2009

    Mais uma tarde junto dela, mais algumas horas de tortura, mais um dia tendo que em segurar. Eu poderia jurar que aquele dia estava sendo apenas mais um dos dias em que eu teria que desviar meus olhos para que o seu olhar intenso não penetrasse minha alma. Mais um dia em que eu teria que andar ao seu lado pela rua, contando lembranças a fazendo rir, dispersando-a de seus devaneios. Ela, a garota da qual eu amava, que me virava de ponta a cabeça e fazia meu estomago embrulhar cada vez que me esquecia do seu poder, poder daquele olhar. Seria mais um dia daqueles, ela sempre foi uma menina muito distante, ela era diferente. De certa forma.

    Estávamos andando pela rua, em direção à sua casa, ela estava mais distante que o normal, olhava para frente e seus olhos vagavam os detalhes do concreto rachado da calçada. Respirei fundo e pus me a tentar tirá-la de seus devaneios, como sempre. Abri a boca para falar, mas o meu movimento repentino a fez virar o rosto para mim, eu surtei por um momento, desisti de falar. Ela não estava tão distante assim. Andamos em silêncio até chegar à sua casa, como de costume eu esperei na porta para que ela gritasse à seu pai que estávamos entrando em casa, ela havia aberto a porta, nenhum sinal de que fosse usar a vos.

    Ela entrou e sentou na cadeira sem encosto do computador, eu sentei em sua cama, havia algo de muito errado com ela.

— Ana?

— Sim? — ela girou na cadeira, ou melhor, girou a cadeira se virando para mim, e com uma expressão inexplicável ela procurou algo ao redor das minhas mãos, que estavam sobre o lençol.— Você não chamou teu pai

— Bem, — ela riu — porque se eu quisesse chamá-lo teria que usar o telefone. — ela sorriu, e antes que eu bufasse com alguma pergunta ela prosseguiu — Ele não está em casa.

— Ah, sim.

    Por alguns segundos ela observou minha feição, fechando os olhos em uma fenda fina e franzindo o cenho com uma força desnecessária, ela riu e virou para o computador.

    Ana me considerava seu melhor amigo, mas eu não curtia nem um pouco ser o ombro amigo. Ela despertava em mim sentimentos calmos e intensos, e alguns desejos, claro. Ela sempre tinha o costume de ouvir a mesma música quando começava a usar o computador, “Hallelujah – Kate Voegele”. E eu poderia jurar que sua vos sobre a vos da Kate Voegele, na música, era mais suave do que a de qualquer garota. Ela então virou-se para mim olhou para o lado e em meio a um sorriso confuso começou a falar.

— Você — ela olhou em meus olhos, com toda aquela intensidade que me deixava fora de mim — você considera a música uma coisa essencial, não?

— Claro, eu não conseguiria viver sem, e acho que todos concordam comigo. Inclusive você.

— Sim, de um modo apenas.

— Como assim?

— Pense comigo, mas não fuja para outros pensamentos, pense comigo.

— tudo bem. — e então ela começou a falar, e eu não consegui tirar os olhos nem os ouvidos dela.

— Todo mundo diz que a música é essencial, você mesmo disse. Mas, e os surdos? Não, é sério. Os surdos não podem ouvir, eles nunca vão ouvir um som, a ciência pode tentar de todas as formas, se conseguir, muito bem, mas de qualquer forma. Os surdos vivem e não precisam do som para sobreviver. E veja, não só no caso da música.

— Como assim? — Ela levantou e sentou ao meu lado, virando-se para mim e fazendo com que eu virasse também. Eu estava dominado pelos olhos dela, mas eu prestava atenção em cada palavrinha dita por ela.

— Nós não precisamos ver também. — ela disse passando a mão sobre meu rosto, fazendo com que meus olhos ficassem fechados. — Nós não precisamos ver.

— Mas — de olhos fechados, franzi o cenho indignado com seja lá em que devaneio tivesse surgido essas coisas.

— Shh — ela disse suavemente pondo um dedo sobre meus lábios. — E então, nós não precisamos ver ou falar. Vendo por um lado, as pessoas vivem sem tato, sem voz, sem ver e sem ouvir. E ninguém precisa disso. E eu não acho que isso seja algo a toa, entende? Eu acho que tem um motivo.

— Olha, as pessoas falam tanto sobre as coisas essenciais. Sobre a música, o andar, o ver. A beleza exterior, uma voz, o jeito de falar de uma pessoa, o jeito de escrever. Mas nada disso importa tanto, é como se de alguma forma Deus quisesse nos mostrar que nada é necessário. Só uma coisa. E por essa coisa, nós não precisamos ouvir, falar e nem ver. — o silêncio rondou o espaço, eu senti meus dedos trilharem pelo lençol, sentia formigas subindo pelo meu pescoço. — Eu acho que Deus, ou seja, lá quem, talvez seja o nosso organismo e não um Deus, se é que el existe. Mas de alguma forma, alguma coisa está de todas as formas tentando nos dizer que a única coisa essencial nessa vida é aquilo que nós não precisamos ver ou ouvir. E não precisamos falar durante. Comer, beber... — o silêncio novamente rondou o espaço, e desta vez eu senti vontade de falar, mas ela me calou com o inesperado. Seus lábios tocaram o meu com intensidade e lentidão e lá se demoraram. Ela se afastou com as mãos segurando meu rosto, eu podia sentir sua respiração e isso ajudava, pois eu havia perdido o ar.

— Eu... — ela me interrompeu novamente.

— Nada é tão necessário, acho que o mundo inteiro ainda não entendeu que a única coisa que a gente realmente vai sempre querer e de alguma forma precisar, será o amor. E em um pequeno gesto, — ela me beijou novamente, parou e se afastou, encostando-se à parede. — E as coisas só irão melhorar quando o mundo entender isso. — abri os olhos e ela me observava, sorrindo. — E sabe de uma coisa, não só esse amor. — a forma como ela disse "esse amor" fez estremecer meus nervos. Eu queria roubá-la para mim e tirá-la daquela filosofia. — mas o amor que podemos demonstrar de todas as formas, com um abraço, um beijo no rosto. Todas essas coisas da qual nós não precisamos ver, ouvir ou falar. Vai ser sempre o mesmo que vamos buscar, o amor. Seja lá de qual forma. — Ela sorriu.

— Isso tudo para me beijar?

— Não, para me livrar. Me livrar das dores e de toda a preocupação.

— Preocupação?

— Sim, de que algo mais existisse aqui além de amor. Algo como interesse, música, beleza ou algo como isso.

— E você acha que eu te amo? — é claro que sim.
— Não, mas eu te amo. — mordi meu lábio inferior ao ouvir aquilo, eu estava estressado e confuso, ao mesmo tempó eu queria beijá la e dizer que a amava também. E eu o fiz, alguns segundos após aquilo. E ao ir embora, após passar horas lembrando dos beijos, me veio a cabeça tudo o que ela falou. Me veio como a coisa mais importante no mundo, como as palavras mais fortes. Eu poderia ser cego, surdo e mudo. Eu iria querer a mesma coisa, eu poderia ser cego, surdo e mudo, mas não poderia viver sozinho. De alguma forma aquilo fazia mais sentido do que a própria existencia. E talvez seja isso, toda a resposta. Fomos feitos para amar, de qualquer forma, demonstrar de qualquer forma. Mas a forma mais verdadeira de se demonstrar o amor é com um gesto em que não é preciso palavras, coisas materiais e nem um som. O gesto mais bonito de um ser humano, algo que não se paga e nem se recebe para fazer. O essencial, o nosso bom e velho amor.

Não aconselho a ler, não faz o mínimo sentido.

janeiro 15, 2009


Sabe quando a vida parece pouca para você? Quando nada basta, é, eu esperava que eu não me sentisse tão assim. Acordar cedo e empurrar comida para dentro do estomago, eu poderia ficar o dia inteiro sem comer, a dor já é suportável. Sabe, é até engraçado. Perdi dois quilos em menos de um mês, e não, não estou com anorexia ou bulimia. Cortei o cabelo nos ombros, fiz franja reta. Mas continua a mesma coisa, a mesma falta de algo que nunca tive, os mesmos desejos, os mesmos sonhos. Eu posso raspar a cabeça agora e emagrecer cinco quilos, por dentro o vazio será o mesmo. Traga-me mais alguns biscoitos, não tenho nada para fazer, vou forçá-los, é uma quase distração. Eu sinto falta de desejar mais, tendo um pouco mais. Eu quero abrir a porta e encontrar um amor. Adoraria esquentar o sangue e deixar desejos me subirem à cabeça, mas com o que? Com quem? Esqueça. Eu nem mesmo sei que sentido há em tudo isso agora, eu não sei explicar. Sinto-me tão só, tão apagada. E eu gosto tanto dessa solidão, mas eu queria que uma mão qualquer me puxasse e me forçasse a viver. E só, só isso. Eu só precisava de... Seja bem vindo, eu quero vida, vida. E agora estou me refugiando, em uma das coisas que sempre evito apertar o grande botão. Televisão, eu não suporto tanto, e agora, a única coisa que consegue me fazer rir seriamente.

A menina e o sorriso.

janeiro 10, 2009

     Saltando entre poças e pedras, equilibrando-se como em uma dança, cortando o vento com seu nariz pontudo e arrebitado, a menina cantava uma das canções mais doces que alguém poderia ter escutado. O céu começou a se abrir e as nuvens caíram sobre seus cabelos longos, ruivos e encaracolados, os deixando inteiramente úmidos e escuros. Ela subia em troncos e experimentava cata gota brilhante que caía do céu, depois assobiava o gosto de cada uma delas, assobiava, pois suas palavras tão juntas e mal pronunciadas pareciam mais o vento tocando sinos, o som perfeito para uma cena de amor.

     A menina se enquadrava em qualquer conto de fadas que continham alegria. Sua mãe corria, pressurosa, pedindo por uma pausa. A doce flor do jardim não iria parar, ela iria cantar e dançar até que todo o campo florescesse. Inclusive a decrépita arvore que era sua mãe. Por um breve momento todas as luzes pareciam ter apagado, a menina tropeçara em uma das menores pedras do jardim. A mãe desesperada gritava em uni som com um belo rapaz, repetiam um nome que mais parecia de um cachorro. Mas a menina pareceu não se importar; Com o nome e com o tropeço. Levantou-se mais sorridente do que antes, mais sorridente do que nunca. Rodou o casal dançando como se a música do vento contornasse e influenciasse cada pequeno e frágil músculo de seu corpo. Seu vestido encharcado balançava pesadamente, às vezes puxando um pouco seu leve corpo para baixo.
     Os pais pareciam irritados, mas ao mesmo tempo mimados, primeiramente interferiram na dança sentimental, depois permitiram, quase que se juntando. A menina parou com um olhar gratificado e proferiu “Obrigada, obrigada”. Pelos dois pares de olhos percebeu-se que o casal estava confuso, e a menina repetiu “Apenas Obrigada, não sabem o quanto eu me fiz, eternamente feliz”. Confundindo a cabeça de todos ela isso repetia por todas as manhãs, com um sorriso resplandecente, mas é tão simples entender. Era apenas uma humana, que impunha toda sua felicidade na simples vontade de sorrir, no simples toque e gosto da água da chuva e na liberdade momentânea que sempre fora a sua quimera.

Coração Incomum

janeiro 09, 2009

     Andei pensando, em meio a tantas confusões, o que meu coração tem de tão duro. É uma coisa tão imparcial, tão incomum. Diga-me, em torno dos teus tantos anos de vida, conheceu alguém que não houvesse amado? Pois eis me aqui, permita-me que eu explique, por favor:      Durante minha caminhada na vida, nunca amei ninguém com o coração. E não falo dos amores de família, amigos ou coisas assim, me refiro àquele amor que a todo tempo o ser humano o "bipolariza" dizendo que troca de fases, por um momento é euforia e no outro depressão. Enfim, é deste amor que falo. Do amor de se entregar, de querer amar mais de ricamente querer mais. O único amor que tive paira sobre meus solitários dias, hoje, no meu presente e em um curto período do meu passado. (em meio à tantos anos, um apenas é curto, comparado, não?) Mas foi apenas esse, o meu único e novo amor. Pretendo carregá-lo pelo futuro, mas à este almejo quem decidirás? Pois bem. Eu queria entranhar na complexidade dos meus sentimentos, queria ter capacidade de compreender essa inflexibilidade do meu coração.
     Já tentei propor jogos de entretenimento, fazem apenas dois anos que não minto sobre paixão. Eu costumava brincar com paixões platônicas, que hoje chamo de admiração. E isto não foi uma rima planejada, não mesmo. Retornando ao contexto, eu fazia jogos dentro da minha mente, apenas usava a imagem do ser humano à vista em meus sonhos fantasiados, durante o banho, durante uma troca de roupa, antes de deitar, após acordar. Eu e meus típicos devaneios. Alguém por acaso sente o mesmo que eu? Ou sentiu, já que hoje estou "preenchida". Alguém sentiu um vazio que mesmo sendo um nada ocupava grande espaço e determinava a ti que precisava cada vez mais que aumentasse teu coração? Pois é assim que interpreto, passei longos anos deixando esse vazio alargar por dentro do meu peito, sonhando com imagináveis personagens que alguém desejou. E então, hoje, apaixonada e amando um ser que não posso tocar, apenas ouvir, o espaço é grande demais, o amor é grande demais.
     Adoraria saber a receita dos humanos comuns, amolecer o coração, berrar três dois um e "cair no amor" como diz a expressão americana. Na verdade, eu só gostaria de saber para conseguir pontualizar, comparar. Não quero comprar essa facilidade, eu e minha solidão estamos muito bem. Quase solidão. Eu só queria saber, amar, sofrer, amar, sofrer, amar, sofrer... Essa rotina que aos meus olhos parece ríspida, é afinal de contas, boa ou ruim? Acho que enfim bipolares são vocês, não o amor. Com o amor, sem o amor, com o amor, sem o amor. Ou a capacidade de controlar um sentimento dentro do coração, sem deixar vazar ou escapar. Esvaziar, interessante.
     Enfim, eu não amei a todo tempo e não sou especialista para falar algo do tipo, afinal de contas, experiência é algo que não tive, só hoje (parei de repetir, vocês amantes devem imaginar como é, lembrar). Mas eu gostaria que observassem atentamente o que diz a seguinte fase:
     “O que nos enfraquece, o que machuca, não é o amor. É a falta dele”

     Pois é, acho que podem em chamar de fria e calculista, mas eu tenho sentimentos. Monitorados pelo pouco da razão. Enfim, uma parte de música para me dispersar e que lembra muito a faze pela qual passo hoje:
"I feel a weakness coming on, never felt so good to be so wrong. Had my heart all locked down, and then you turned me around. I'm feeling like a new born child. Every time I get a chance to see you smile. It's not complicated, I was so jaded." (Hero/Heroine - Boys like girls).           

Antigo trauma, novo homicídio

    Fechei meus olhos em uma fenda fina, sentindo o sal das lagrimas invadirem mais uma vez minha boca, que tremia em sintonia com meu queixo e o resto do meu corpo. Tentava não fazer barulho, continha movimentos e reações à dor. Minha respiração estava lenta e ofegante, o oxigênio parecia pesado e com uma textura ríspida, sentia dor por estar viva. Nunca pensei que um “não te quero mais” doeria tanto. Sempre ouvi o ser humano comentando, escrevendo e chorando sobre essa frase, mas nunca imaginei que pudesse ter tanta força.

 — Não adianta se esconder, eu te conheço bem, sei dos seus esconderijos— senti meus pés tremerem e baixei a cabeça taciturnamente, contendo as lagrimas e prendendo gemidos entre os dentes. Anestesiando a dor dos cortes e das manchas com a dor do medo, da vergonha, da frustração.

 — Apareça, vamos menina, eu conheço bem seus instintos dês de que você saiu da barriguinha linda de sua mãe. — recapitulando, um “não te quero mais”... Do meu pai.

    Sempre achei instigante ter uma vida aventurada, sempre procurei os caminhos mais fáceis e cabulei tarefas e obrigações. As drogas fizeram parte de meu cotidiano, mas eu tinha dinheiro, isso não afetava ninguém, só a mim. Ao menos foi o que eu pensei hoje, chegando a minha casa, há menos de 3 horas, com uma garrafa de uísque pela metade e um cigarro na mão. Isso sempre pareceu tão natural, meu pai nunca deu queixas, mas foi tudo diferente..."

 — Eu não te quero mais, Lea, você não foi a menina que desejei — eu estava sentada pesadamente sobre o chão, o sangue escorria pelo canto de minha boca e os cortes sobre a pele faziam o mesmo despejar sobre a roupa. Eu sentia meus órgãos se reprimirem, meus pulmões estavam secos e poluídos e meu coração batia em ritmo acelerado. Ele não apenas não me queria mais como filha, ele não me queria viva.

    Aprovei alguns chingamentos e resisti a poucos mais tapas, empurrões e facadas leves sobre o corpo. Enquanto engatinhava em um ritmo lento, porém o máximo que meu corpo permitira, em direção ao quarto. Fechei a porta e procurei algum lugar para me esconder, e lá estava eu, de volta ao começo. Ouvindo as chamadas e os passos pesados dele, empurrando o chinelo velho pelo assoalho molhado do chão.

    A casa cheirava a bebidas, fumo e morte. E talvez por isso eu tenha me sentindo tão à vontade, parecia com qualquer uma das casas em que eu passava a noite, qualquer uma. Levantei o corpo apoiando em móveis e paredes, manquei até onde ele estava, ele mantinha a faca, que eu havia dado de presente, na mão.

 — Estou aqui — traguei um dos últimos cigarros que retirei do bolso, fechei os olhos e senti o metal cortando o ar e imergindo com meu corpo.

 — Você foi uma boa menina, Lea, enquanto não matou sua mãe.

    A raiva não vinha apenas de um vicio bastardo, mas sim de uma longa história de vida, uma perda sem culpados. Culpa da vida, culpa da morte. Matei minha mãe ao nascer, e acabava com a minha própria vida nessa nova fase. O que mais um pai iria desejar, senão a morte de uma assassina suicida? Amor. Ao completar 14 anos, joguei todo e qualquer bom senso fora, amor, por vingança ele não me deu, eu não tinha, nunca iria retribuir. De uma vingança floresceu o ódio, e o ódio deu origem a morte.

 — Será bem recebida no inferno, dou garantia, querida.

Apenas pensando bem.

janeiro 07, 2009

    Eu andei pensando, por que motivo mostrar apenas as coisas que escrevo e edito? Por que não publicar pensamentos de ultima hora, desabafos, problemas pessoais, concretizações, relcamações e indiretas? Vou fazê-lo, e não sei bem se fou separar. Se vou classificar, talvez fique tudo misturado. Só talvez. Explanarei problemas, dúvidas e questões. Espero opiniões, ao menos. Enfim, ninguém olha isso mesmo. Tenham todos uma boa noite, apenas... Esqueça.

    "Eu não sei o que é certo, você é a unica coisa na minha mente agora. Por favor, respire antes que seja tarde. Estou tentando sentir o mesmo ar que toca em ti, mas parece que agora somos de mundos diferentes. Você respira oxigênio e eu respiro você. Não me olhe por favor, estou criando espreanças. Estou completamente perdida, você já ganhou o jogo então saia da frente do sol. Tudo isso é confuso de mais, como eu posso tremer por estar junta a ti, se o que eu sinto é calor? Por favor, por favor! Tire o travisseiro de perto de mim, hoje a unica coisa que faço ao deitar, é pensar que você me lançou um olhar. Não me deixe dormir, mas não me deixe ficar acordada. Apenas diga que você não pode e eu juro, vou sofrer calada. " —
       Something that I know, 26 de novembro de 2008

Sonhos são mais do que apenas sonhos.

    Sonhos são sonhados, pra querer realizá-los. São preces à mente de qualquer idade, são deploráveis pedidos para furar a realidade. Sonhos são múltiplos e os realizados são contados nos dedos. O sonho transforma saudade em desejo, transforma imagem em sentimento e acaba sempre no bocejo. Sonho é objetivo, é palavra, sonho é sonho. O virtual é sonho, em prática por dedos, teclados e mouses, fazem de tudo quase verdadeiro. Sonho é meia realidade com um pouco de magia, sonho é objetivar com amor, é cantar é se opor, se opor a mente de gente grande ou gente pequena, de mente pequena e pensamento fechado. Sonhar é viver, viver no seu mundo, seu mundo perfeito, perfeito e não falso, mas sonhar tem ponto negativo, não o ponto depois da frase que acaba com o Sonho, é ponto de carência, de viver dentro da mente, é sonhar alto e viver baixo, sem correr atrás do que se quer realmente. Sonhar na vida é normal, errado e trocar viver por sonhar. Sonhar é mais do que querer, sonhar é quase, quase realizar.

Pedra, papel e tesoura.

    Durante todas as noites de domingo, Ana costumava sorrir amargamente para pessoas que odiara. Ela fazia um papel falso de mártir e usufruía de frases clichês, apenas para abafar suas verdadeiras conclusões e opiniões. A parte mais cansativa de toda a sua atuação era por si só a parte em que ela tinha que tomar vinho como se o estivesse provando a cada gole, quando na verdade toda essa loucura a fazia desejar invadir a cozinha e tomar qualquer bebida mais forte, pela garrafa. Com todas as atuações de domingo, ela começara a desejar um tipo obsceno de garotos, o tipo errado de conversa e qualquer coisa que a fizesse se sentir fora de controle.
    Era o ultimo domingo do ano em que ela iria ter que agüentar todo o masoquismo dessa vida, da qual ela se sentia, nada mais nada menos, como um parasita. Após todos os convidados chegarem e após toda a encenação de falar docemente "Sejam bem vindos", Ana fugiu para a adega de seu pai. Ao chegar ao local, Ana tirou seus sapatos e cambaleou até o armário com os vinhos mais antigos e amargos que seu pai poderia ter, roubou qualquer um, sem reparar no nome ou cor.
    Ana estava se deliciando com o aquecimento que aquilo causava em seu corpo, ela estava perdendo o controle e pulando fora de qualquer altruísmo que pudesse causar nela, naquele momento, o remorso. Ela parecia divertida e animada, mas ela estava definitivamente fora de controle. Desceu as escadas com o rosto inchado e encharcado, com a garrafa de vinho nas mãos e seu vestido sujo e com fios puxados e rasgados. Ana mais parecia algum tipo de princesa frustrada, mas não só parecia, ela era. Pais e visitas ficaram constrangidos com a cena, quiseram fugir ou até mesmo espancar a menina. Ana saiu correndo derrubando garçons e pisando em longos e caros vestidos. Pulou na piscina como um peixe fora d'água, era tudo que Ana precisava.
    Ana sempre foi certa, mas sempre foi errada. Abaixava a cabeça, respeitava ordens e não quebrava regras. O único problema, era que Ana nunca viveu. Ana sempre foi um fantoche divertido, lindo e perfeito. Ela era como bonecas de filme e coisas parecidas. Tinha todo o dinheiro do mundo, pais perfeitos, casa perfeita e milhões de garotos a desejando, milhões de garotas a invejando. Talvez o perfeito fosse enxergado apenas pela platéia, em quantos todos assistiam admirados, Ana desejava ser paga logo para que pudesse sair daquele filme estúpido. A Perfeição foi alcançada tão facilmente e tão rapidamente, mas não foi atentada para os detalhes. A perfeição talvez sempre fosse algo que ela desejava talvez algo que ela sempre achou impossível, mas quando o teve enxergou toda a confusão que o mundo fez ao prepará-la em busca dessa perfeição. Perfeição daquelas, nunca traria qualquer tipo de felicidade, Perfeição é algo para os filmes, algo montado, algo programado por todos os segundos, algo que só seria perfeito, para quem estivesse de fora.
     única vontade que perseguia Ana, depois de toda a revolução, era jogar um jogo de sua infância, onde começou toda a contradição. Cortar, com a tesoura da cozinha, seu cabelo o mais curto possível, quebrar com uma pedra sua janela limpa e brilhante e escrever uma carta de despedida, nada mais, nada menos... Do que um The end.
              E: 30 de novembro de 2008.



Passos de Amélie.

janeiro 06, 2009

    Eram nove horas da noite, os carros estavam parados e seus pés estavam doloridos. O guarda-chuva havia sido levado pelo vento e as gotas pesadas molhavam seu cabelo e seu vestido claro. As luzes pareciam se estender pelo espaço e o barulho das buzinas a deixava mais desesperada. Enquanto corria pelos cantos, esbarrava em pessoas e se apertava entre carros na tentativa de atravessar a rua, as lágrimas lutavam para não borrar mais a sombra que estava um degradê perfeito sobre aqueles olhos azuis. Uma poça cruzou seu caminho e a fez despencar. Por um momento ela viu o chão recorrendo ao seu rosto, chegando mais perto. Era inaceitável que o chão a quisesse, quando em estado de nostalgia seu corpo desejava olhos escuros e curiosos. Breu. Foi só o que viu até abrir seus olhos, 3 segundos com o nariz sobre uma água lamacenta, sentindo milhões de odores desagradáveis juntos no mesmo lugar. Levantou-se, ou ao menos tentou fazê-lo. Suas pernas tremiam e um de seus joelhos estava quebrado, "meu salto" ela berrou.



    Enfim, havia perdido amores, de valiosos até apenas caros. Primeiro havia perdido seu homem para uma secretária de quinta, depois seu guarda - chuva para um vento tão fraco quanto sua felicidade e por fim, um salto caríssimo, presente e lembrança de uma lua de mel glorificada e lotada de satisfação. Parece que dês de que haviam voltado do passageiro conto de fadas, a realidade deu um tiro de fogo no coração doce e quente de Amélie. Talvez se ela não tivesse se submetido a um rapagão sensual, talvez se ela não tivesse se jogado aos prantos ao receber o pedido... Não, nada seria resolvido. Ele era um homem, só o que ele precisava, era completar sua satisfação mutua, seu desejo e seu sonho. Ele era um homem embriagado antes de conhecê-la, hoje ambos são solteiros e fumantes. Hoje ela supõe que havia algo errado nele, mas antes de qualquer sim, esse errado foi o que a fez ajoelhar sobre o gatilho. Tentação, provocação. Metamorfose sexual.

Uma música que escrevi, a primeira, sei lá.

Some shelves ago, I was alone in a haunted room
Watching the sun to sleep again, the orange oxygen left things more confusing.
I was in a philosophy about our love, about my history and what I created for us.
And then a mountain of questions arose
A hundred questions, without answers. Just Doubts.

Closed my eyes and let the thoughts flow,
"I will not let that bother me, I will move on covered by his love."

This may be the wrong time, this may be the wrong felling.
But I don't care if I lost everything rigth now, cause I just want one thing.
I want to try, I want to can.
I want to fell the chills in my spine
Every time that you look in my eyes.
I want to be, I want to can
call you my sweet, Oh this I want to do.
Every time, that I see you beautiful smile.

I can forget everything you made me feel.
Can I get my stuff and do the right thing.
Living the life of a different way, stop believing in everything that is said.
No, baby, I never do that. Because you're more than just a love.
You're the first, is my miracle. A divine desire for someone who never loved

Closed my eyes and let the thoughts flow,
"I will not let that bother me, I will move on covered by his love."

This may be the wrong time, this may be the wrong felling.
But I don't care if I lost everything rigth now, cause I just want one thing.
I want to try, I want to can.
I want to fell the chills in my spine
Every time that you look in my eyes.
I want to be, I want to can
call you my sweet, Oh this I want to do.
Every time, that I see you beautiful smile.

I bored to myself, but I always made you laugh.
I remember everything, give to the beginning. (Every time that you look in my eyes.)
I remember all the steps, and all that onde day, we say. (Every time, that I see you beautiful smile.)

Er, enfim...

Dentro e fora de um sentimento.

    Eu não tenho mais paciência com meu próprio sentimento. Meu corpo almeja um empurrão de qualquer resto que esteja dentro de mim. As paredes à minha volta seguram espelhos que mostram uma imagem que eu não vejo. Uma imagem perdida, iludida, triste, cansada e distante. Mas eu me sinto tão bem, por que motivo o vento causa em mim uma dor tão robusta? Sussurrando em meus ouvidos coisas que eu não quero ouvir, sussurrando verdades constantes. Mas eu me sinto tão bem quando estou perto de você, se minhas próprias mãos que procuram não cometer erros consideram isso tão possível, por que motivo as frentes frias batem em mim com tanta força e dizem-me que isto não passa de um sonho mal formulado? Eu vou tapar meus olhos e meus ouvidos, toque minha boca com qualquer sussurro. Você me faz tão bem.

Linhas transpassadas e uma quase filosofia.

    Devem ser seis da manhã, eu estou acordada em um a toa. Pressionada em uma trilha de sentimentos, por um trem de pensamentos. Qualquer coisa poderia me distrair, qualquer coisa mesmo, um toque básico nos cabelos, um pássaro batendo as asas sobre a janela, um esbarro entre os moveis ou um simples rasgo contra o vento. Talvez eu devesse tentar escapar, antes que mais uma das horas perdidas com filosofias saia por dentre meus dentes.
    Perdi o jogo, então é isso. Pensar, vou apenas pensar e levar ao papel cada rabisco mal formulado, que depois será reorganizado e editado. Interessante, não? Eu só preciso pensar, a insônia não me deixará dormir. Antes perder tempo imaginando do que perder tempo fazendo algo sem fundamento, que não será registrado por ninguém.
    Que droga eu faço antes de dormir, depois de dormir, e quando eu não tenho nada para fazer? Será que todos que escrevem são assim? Sonham antes de dormir, depois de acordar e durante horas vagas do trabalho mutuo que é ser adolescente nas férias. Chega até a ser irônico. Eu poderia tragar um cigarro, sentada sobre a mesinha da sala, olhando para o horizonte, e pensar no bando de merdas que eu já fiz por ai. Isso, se eu tivesse feito.
    Eu andei pensando, eu vivo ou não? Eu sou uma escritora frustrada, que se esconde através de simulações de vidas e não pretende ganhar fama com isso? Talvez eu não passe de uma adolescente frustrada com a própria história de vida. Apesar de, apesar de. Intimidades não serão comentadas, apesar de... Talvez. Eu não quero beber, fumar ou sair com qualquer garoto bonito que aparecer pela minha frente. Mas será que ser um jovem idoso, meio parado, que pensa demais, ouve música, canta, cria música, escreve, não come carne vermelha, filosofa demais e não é viciado em mais nada, a não ser por uma intimidade quente, será que vive? Eu sinceramente acho que talvez. Talvez empurrando para muitos lados.
    Não sei bem sobre o que é isso, só o que eu sei é que talvez eu perca tempo demais pensando, sonhando, viajando dentro de mim mesma e questionando. E isso não vai ser opinião contraditória, é algo de mim que nem eu, nem os outros pretendemos mudar. Eu só sinto falta de algo, eu não sei de onde tiro tantas histórias e fatos, se em maioria nenhum foi vivo por mim. Pense comigo, por favor. Nós criamos, sonhamos e inventamos demais? Espero que eu não seja louca.

Dos dois lados.

    Aqui estamos nós, na frieza de um arrependimento, de um cansaço, de uma despedida. Eu poderia acender um cigarro, recostar no patamar da varanda e sentir o vento me tocar e levar embora a lembrança dessa dissimulada relação. Você não precisa entender, pela primeira vez não passou de sexo e só. Eu descobri algumas coisas, eu não preciso dizer, você deve imaginar o mínimo delas.

    Só sei que eu não ia me sair totalmente abatida, o ultimo beijo, o ultimo abraço, a ultima noite. Seria o ultimo eu te amo, mas parece que teu erro advertiu a ti que não contasse outra mentira. E eu não senti gosto de trocar palavras com essa mascara que provinha de minha imaginação. Beijos molhados e um sexo decepcionante, obrigada, mas eu esperava mais de você.